Zoo de Salvador é destaque na proteção de aves ameaçadas de extinção

O desmatamento e o tráfico de animais silvestres são as principais causas para que espécies de aves da fauna brasileira estejam em risco de extinção. Para reverter este cenário o Zoológico de Salvador investe em ações de manejo, conservação e reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas. Com aproximadamente 45 espécies de aves, entre pássaros canoros, psitacídeos, gralhas, aves de rapina e aves migratórias (em períodos sazonais), o Zoo possui um aviário que reproduz o habitat natural dos animais, em cenários enriquecidos com cachoeiras, solo e vegetação nativa dos biomas Mata Atlântica, Caatinga e Manguezal. “O local é propício para aprimoramento do voo e recuperação de antigas características perdidas após a vida em cativeiro. Lá é possível ver guarás, cardeais e araras”, destacou a bióloga do setor de ornitologia Thaiane de Oliveira. De acordo com Oliveira, são realizados continuamente projetos de proteção e reprodução em cativeiro de espécies ameaçadas de extinção como ararajuba, harpia, guarás, urubu-rei, arara-azul- de-lear (espécie endêmica da caatinga do nordeste do Estado), e a arara-azul grande, escolhida como símbolo do Zoo de Salvador. “A reprodução em cativeiro é uma importante ferramenta para manutenção das espécies, para isso, contamos com uma equipe especializada. Com isso, já tivemos bons resultados com nascimentos de urubu-rei e guarás”, pontuou. O Zoo integra o processo de elaboração da primeira Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção específica para a Bahia, com base nos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês), uma documentação científica que demonstra os animais com elevado risco de desaparecimento na natureza em futuro próximo. “A lista será fundamental para o gerenciamento ambiental, ajudará na definição de áreas que podem ser utilizadas para reservas naturais”, ressaltou Oliveira. Todas as aves são monitoradas para que se conheçam seus hábitos sociais e reprodutivos. Para facilitar esse trabalho, elas recebem um número, que é gravado em anel de alumínio (anilha) e colocado na pata do animal. A bióloga destaca ainda a presença no Parque de seis exemplares da arara-azul- de-lear, uma espécie que só é encontrada na Reserva Ecológica do Raso da Catarina e na Reserva Biológica de Canudos. Hoje existem cerca de 1.200 indivíduos. A captura para o tráfico ilegal e a destruição do seu habitat, afetando principalmente as áreas de alimentação, fizeram a arara de lear entrar na lista de espécies ameaçadas. “Realizamos um trabalho de referência nacional com esta ave, servindo, inclusive, de apoio para o Programa de Conservação e Manejo coordenado pelo IBAMA, no município de Jeremoabo - BA. A intenção é elaborar uma estratégia de ação em conjunto com pesquisadores para envolver toda a sociedade num programa de proteção e reintrodução da espécie”, pontuou. Lista Vermelha- O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgaram, em 22 de maio de 2003, Dia Internacional da Diversidade Biológica, a mais recente Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Lista Vermelha). Segundo levantamento da Conservation International do Brasil (CI-Brasil), a maior parte das espécies brasileiras ameaçadas de extinção, presentes na lista divulgada pelo MMA, habitam a Mata Atlântica. Das 160 aves da relação, 118 (73,7%) ocorrem nesse bioma, sendo 49 endêmicas. Fonte: Ascom / Inema